Há um grupo de fãs de Lewis Hamilton que todos os anos aparece no circuito de Gilles Villeneuve com uma enorme tarja a dizer "Lewis Territory". E, pelos vistos, confirma-se, pois o piloto britânico conseguiu hoje a sua sexta vitória no G.P. do Canadá (em onze participações), reduzindo para 12 pontos a desvantagem para Vettel no Mundial de F1, enquanto a Mercedes retomou a liderança entre os Construtores, com 8 pontos de avanço sobre a Ferrari. Este campeonato está… épico!
Onde já vai o domínio da Ferrari e a depressão da Mercedes de há duas semanas, no Mónaco… Na F1 tudo muda num piscar de olhos e, no Canadá, foi quase isso que sucedeu, com as coisas a correrem mal à Scuderia e a Mercedes a confirmar uma notável recuperação. "Que trabalho fantástico, malta, esta foi bem merecida! Uma grande conquista de toda a equipa, dos que trabalham na fábrica, dêem os parabéns também ao Valtteri".
A partida "moldou" toda a corrida, apesar de, tirando talvez Raikkonen, não ter havido propriamente maus arranques… Mas como Hamilton e Bottas largaram muito bem do lado de dentro da primeira curva, Vettel percebeu que fora passado e procurou ser cuidadoso para se encaixar logo atrás dos dois Mercedes e não contou (para usar famosas palavras suas) com o "torpedo" Verstappen que fez uma largada… sobrenatural! O holandês saltou para 2.º e, no caminho, deu um toque com a roda traseira na asa dianteira do Ferrari que ficou solta, obrigando o alemão a parar logo à 5.ª volta…
"Talvez pudesse ter arrancado melhor, mas não podia ter travado mais tarde, senão teria empurrado o Lewis", contou Vettel. "Depois, apareceu o Max pela direita e tocou-me na asa, mas ninguém faz aquilo de propósito porque o risco de se ter um furo é grande…". A luta pelo título ficava estragada, com Hamilton bem lá na frente, Vettel muito atrasado (paragem de 11,1 s) e com muito trabalho pela frente. "Mas ainda achava que conseguia chegar ao pódio", disse o alemão para quem a Ferrari montou uma estratégia diferente que implicava um "forcing" até final.
Bottas, tranquilo segundo depois de montar pneus macios – teve de parar mais cedo que o previsto devido a vibrações tão fortes, por causa de um pneu "quadrado", que mal via a pista! – resumia: "Depois de uma corrida tão difícil como a do Mónaco, foi importante ver a equipa recolocar tudo no sítio e ter um excelente fim-de-semana. No início tive uma corrida difícil, atrás do Verstappen mas, depois, com uma estratégia diferente da do Lewis, já sabia que só tinha de levar o carro até final para dar mais pontos à equipa".
Atrás do Mercedes… lá longe, as coisas "escaldaram"! Na Red Bull arriscaram montar pneus macios na paragem de Ricciardo para ir até final, mas o australiano foi pressionadíssimo pelos dois Force India que apareceram em grande forma no Canadá. Ricciardo não só fez uma corrida perfeita como beneficiou de uma "guerra civil" na outra equipa que deve ter dado uma animadíssima reunião pós-corrida! Perez teimou que haveria de passar o Red Bull, apesar de Ocon estar claramente mais rápido e de pedir à equipa para o deixarem tentar tacar Ricciardo. Mas o piloto mexicano nunca permitiu a alteração estratégica, para… alívio da Red Bull!
Além de mais uma corrida sólida de Hulkenberg (Renault), o grande destaque tem de ir para o primeiro canadiano que não se chama Villeneuve a marcar pontos na Fórmula 1! Pois é, Lance Stroll, que nunca correra em Montreal, somou os seus primeiros pontos, numa prova em que fez várias ultrapassagens e esteve até em luta com Fernando Alonso… sem tremer. "Nunca duvidei de que conseguisse. Não me percebam mal, sei que há muito a melhorar, não faço tudo bem. Mas sabia que se um dia tivesse uma corrida ‘limpa’, sem problemas, que o conseguiria. E hoje tive essa corrida!", declarou o "rookie" de 18 anos. Classificação:
Pos | Piloto | Equipa | Tempo/Dif. | Box |
---|---|---|---|---|
1 | Lewis Hamilton | Mercedes | 1.33.05,154 h | 1 |
2 | Valtteri Bottas | Mercedes | a 19,783 s | 1 |
3 | Daniel Ricciardo | Red Bull | a 35,297 s | 1 |
4 | Sebastian Vettel | Ferrari | a 35,907 s | 2 |
5 | Sergio Pérez | Force India |
a 40,476 s |
1 |
6 | Esteban Ocon | Force India | a 40,716 s | 1 |
7 | Kimi Räikkönen | Ferrari | a 58,632 s | 2 |
8 | Nico Hülkenberg | Renault | a 1.00,374 m | 1 |
9 | Lance Stroll | Williams | a 1 volta | 1 |
10 | Romain Grosjean | Haas | a 1 volta | 1 |
11 | Jolyon Palmer | Renault | a 1 volta | 1 |
12 | Kevin Magnussen | Haas | a 1 volta | 1 |
13 | Marcus Ericsson | Sauber | a 1 volta | 1 |
14 | Stoffel Vandoorne | McLaren | a 1 volta | 1 |
15 | Pascal Wehrlein | Sauber | a 2 voltas | 2 |
16 | Fernando Alonso | McLaren | a 4 voltas (motor) | 1 |
— | Daniil Kvyat | Toro Rosso | Prob. mecânico | 3 |
— | Max Verstappen | Red Bull | Bateria | 0 |
— | Felipe Massa | Williams | Colisão | 0 |
— | Carlos Sainz | Toro Rosso | Colisão | 0 |
A Fórmula 1 regressa dentro de cerca de duas semanas, ainda não na Europa, já que a corrida do Azerbaijão assumiu o seu próprio nome. Estará de volta o circuito citadino de Baku, pista muito específica com a sua longa recta de quase 2 km em que os carros atingem quase 370 km/h e mais duas zonas onde se ultrapassam os 300 km/h. A emoção irá continuar na Ásia, antes de retomar a temporada europeia. E o duelo Mercedes-Ferrari prosseguirá numa pista em que, recorde-se, Hamilton esteve bastante apagado no ano passado…